sábado, 24 de março de 2012

Como funciona uma análise?


1)Tratamento: O poder da fala

O tratamento psicanalítico se dá pela via da fala. A regra fundamental é: "Fale o que lhe vier à cabeça"! Para que isso ocorra, é preciso que o analisante coloque o analista em um lugar de alguém que tem um certo saber. Assim como quando se vai a um médico, tarólogo, pai de santo, padre, rabino, xamã. A ideia inicial é que o outro sabe. Desde já, no entanto, destaco que o analista não sabe. O saber está no próprio analisante! Uma posição humilde, pois, de fato, não sabemos do outro, não tiramos sofrimento de ninguém. Apenas ajudamos. Mas como? Como a psicanálise ajuda então?

2) Ajudar: O poder da escuta

Como o analista sabe que não sabe do outro, desde o início de um tratamento ele se coloca como alguém que pode ajudar, mas não no sentido de ajuda que conhecemos. A ajuda se dá pela via da escuta. Em sua escuta flutuante, o analista (que deve ser analisado  ou estar em análise) tem um saber inconsciente. Um saber de si que é essencial para ajudar o outro. Através de intervenções, silêncios e perguntas, ele ajuda o analisante a falar mais e mais até que o que é realmente importante é dito. Esse importante, não é o que importa ao analista, mas sim, ao sujeito que diz. Neste momento, podemos pensar no conceito de cura que se liga à fala justa.

3)Cura: O poder do amor

O analista não é um médico que dá alta. Não é um psicólogo que avalia, não é um curandeiro que tira a dor do outro. Para a psicanálise, a cura vem do próprio sujeito que busca um tratamento. Ele se cura principalmente pela fala, pelo amor e pela responsabilidade de seu desejo. Mas, que amor é esse? Jacques Lacan, psicanalista francês, coloca: “Amar, é dar o que não se tem”. Ou seja, amar, é dar a falta. Começamos a entrar no terreno de como a psicanálise entende o ser humano.

4)Entendimento do ser humano: O poder do outro

Somos seres desamparados desde o nascimento. Pelo fato de dependermos de outra pessoa desde que nascemos, apresentamos um estado faltoso. Precisamos do outro para nos cuidar, nos dar palavras, nos educar, nos olhar, nos amar. A questão é que nem todos receberam palavras, cuidados e foram olhados e amados como necessitavam. Aqui, começam alguns sofrimentos.

Dando um salto, de uma forma geral, a psicanálise entende que o ser humano é um ser de fala, linguagem, que é marcado desde antes do seu nascimento por palavras dos pais que já indicam a posição da pessoa no mundo. Por exemplo, a mãe diz que terá um filho forte, que será médico, advogado, será alguém importante....

O sujeito já nasce neste cenário preparado pelos pais e se posicionará na vida sendo médico, ou fazendo questão de não ser. Em uma análise, o sujeito vai se descolando da fala dos pais ou do que captou dos pais para poder ser ele mesmo.

Este ser que já nasce com um lugar marcado (mesmo que seja o da exclusão, por pais que não desejavam) é um ser de falta. Se algo nos falta, temos desejo. Ou seja, só desejamos porque a falta existe e ela é para todos. A psicanálise provoca e convida o sujeito a falar de sua falta e consequentemente de seu desejo. O modo como nos relacionamos com nosso desejo, diz muito das nossas possibilidades de vida e de sofrimento.














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